14 maio 2011

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Um susto cultuava os avessos dos labirintos,
Nossos avôs não disseram nada sobre os amores e suas feridas,
Ficamos muito tempo nos machucando com olhares,
O aspecto insolúvel disso tudo era o vazio apenas,
Um poço seco no meio do deserto,
De nada adiantava sonhar com as chuvas,
Nem com as paixões adoráveis,
Elas talvez nunca nos visitassem por aqueles cantos remotos,
Choraríamos por um tempo as flores murchas,
Depois compreenderíamos...
Somente então perceberíamos a sua inexistência,
A dita cuja paixão arrebatadora,
Ficaríamos órfãos dos amores belos,
Não teríamos um nome específico,
Seríamos uma peça qualquer do tabuleiro,
Uma brincadeira de criança numa chuva de verão,
Com um número aleatório gravado no peito,
Vivendo um arquivo de registros banais...
Em fevereiro foi visto numa praia deserta caminhando...
Em junho surgiu na janela aparentemente para se refrescar...
Na primavera saiu uma só vez...foi até a calçada e voltou...
Não fumava, não bebia, não tinha telefone, nem televisão,
Ninguém o visitava, não recebia cartas,...
Sonhava apenas coisas banais...
Amores banais, paixões banais...
Meras circunstâncias do cotidiano,
Por fim ria de tudo aquilo...


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