25 julho 2011

Palavra Possuida



Numa noite de palavras marítimas
a pele da idade dos ventos,
me diz; que é na beleza das fábulas
bordadas de açucenas lilases
que o limite das mãos
tem cor e fantasia.
Que na paisagem vista do poente
a natureza viva,
tem mil razões
pra ouvir a canção...
Uma ópera azul!
Sendo assim
feito pássaro, nomeio chamas.
Faço de pérolas, as faces do paraiso.

É um mundo em novelos!
Rústico ofício de poeta.



24 julho 2011

Apelo


Pela fresta dos seus olhos
anestésica brandura me exorciza.
Me deixa vazia de coisas ruins.

Sinto-me pronta para receber-te.
Venha!...




.


Pulsa a palavra
Que urge no breu,
Asfixiada amordaçada,
Pela mente que navega,
Num mar de incógnitas...

Vez que outra,
Surge uma janela
No caos da normalidade,
E a palavra enfim respira:

"Amor contido.
De olhar sutil,
Na deriva teu corpo,
Meu raro riso de sentir..."

Logo a janela torna-se a fechar,
Nada percebe em seu entorno,
A paisagem torna-se opaca,
Sem cor, sem vida, sem emoção,
Vesti-se apenas de solidão...


Noturnal

.
Quando ave
deixa-me noturna.
Melodia, ouça-me serenata.
Quando luz clarão de lua
beije o céu...
O céu da minha boca.

Quando vento
sinta leve açoite.
Quanto à flor
sou dama da noite.
Se farol
acenda o mar e a estrada.
Para seres meu sereno
meu moreno...
Quando madrugada. 


.



Lapsos frágeis
Contornam os avessos,
Da fuga póstuma...
Já não entendo mais
Os enredos que o destino,
Por ora proclama...
Tantos erros se passaram,
Espinhos que deixaram marcas,
Lágrimas que retornam feito bumerangue...
Logo o entardecer chegará,
A me conceder afagos...
Com suas paisagens anoitecidas,
Onde irei sonhar pequenos sonhos,
Talvez sorria com eles,
Sonhos antigos da infância,
Tardiamente...


.


Ah o mundo sem você
Não teria a mínima graça...
Meu caminhar seria torto,
Por ruas tortas sem esquinas...
Nossa melodia perderia o tom,
E o meu cantarolar desafinaria...
Que falar das lembranças que
Sem você não seriam mais lembranças,
Seriam meros passados mofados,
Um álbum esquecido de fotografias amareladas...
Sem você meus dias seriam longos e tediosos,
Não teria amanhecer e o crepúsculo seria
Apenas sempre igual frio e acinzentado..
Sem você meus sonhos se perderiam na rotina,
E já não iria mais sorrir pela manhã,
E o resto do dia ficaria a deriva pelo cotidiano,
Num passatempo sem emoção...
Sem você ficaria por ai sozinho,
Cabisbaixo arrastando os pés descalços,
Como a querer que o tempo se abrevie,
Só para não sentir sua ausência...
Sem você meu escrever não teria sentido,
Seria um amontoado de palavras sem sabor,
E a poesia da vida deixaria de existir...


Corazón



Débil,
Sensibles.
Lo siento por ti,
Muchas veces he tratado de olvidar
Me pareció imposible
No podemos olvidar el amor.
El amor es parte de la vida,
Así como el dolor.
Dar amor renunciar
Con el dolor que yo sé que aprender una nueva lección.


.



Num esbarrão trivial de esquina,
Despedi-me da solidão dos anos,
Pois havia encontrado minha cara metade,
Andando por ali perdida de seus passos,
Coisas do destino...
Ao entardecer quando percebi,
Ela já havia partido,
Na mesa deixara apenas a flor que lhe dera,
Um verso rabiscado no guardanapo,
E uma lágrima escorrida...
O verso dizia...
"Retorno quando da lágrima nascer,
Um riso primaveril,
A florescer em seu rosto,
A saudade de nosso infinito amor..."
Nunca mais a vi por ali,
Deixei na gaveta a flor esquecida,
Coloquei o guardanapo com seu verso no bolso...
E guardei no olhar a lágrima escorrida...
Vez por outra recordo daquele dia,
Olho a flor seca com as pétalas sem cor,
Releio o verso que escreveste,
Quando percebo estás ao meu lado,
Como se nunca tivesses partido,
Sorrio enfim...
A lágrima havia nascido...




Se ser é sentir
Sentir é estar
Viver é ir
Sofrer é ficar

Se há vontade algures
Meu ser há de pensar
Se vou a sorrir
Chorarei ao voltar


.



Trinta e poucos dentes
Despertando num riso
Esperado a distância...
Assim foi naquela manhã,
Em que tudo parecia uma manhã qualquer...
Mas não era...
Quando a carta chegou meus olhos
Ainda permaneciam acariciados pelos sonhos...
Meio com a mente cambaleante,
Fui abrindo aquele envelope pardo,,,.
Dentro apenas uma folha com a marca de lábios
Em batom rubi...
Lábios que saltaram da página branca,
E planaram a face percorrendo cada canto, cada segredo...
Peço-lhe...apenas sorria
Como o riso de uma flor rara,
Com suas pétalas de sonho,
Seu perfume de nascente,
Só sentida em meus devaneios,
Quando sozinho esperava você chegar,
Para florescer nossos silêncios,
De olhares de púrpura,
Repletos de sabores e gostos...
Um dia numa manhã qualquer,


tomara...



Tomara Hyanara, tomara...
Que tudo quanto doença sara,
Que tudo quanto lamuria cala,
Que tudo quanto angustia para
porque até a lua ria quando eu te escrevia, tomara...
que a musica flua e que o bom som se saia de tudo quanto for prisão,
que caia tudo quanto grade e liberte todo e qualquer coração...
Tomara Hyanara, tomara...
que se siga o rumo certo,
se siga de peito aberto,
firme, forte, ereto;
por mar aberto ou portas fechadas,
Por um coração ou certeiras flechadas, ao vão!
Sigamos pela escuridão da "luz da vida", é a vida!
e por onde ando a necessidade de saber onde piso,
navegar não é preciso, viver é preciso!
Tomara Hyanara, tomara...
que essa noite clara nos esclareça
que a lua é de uma rara beleza
e que beleza não deve ser desperdiçada
ou despedaçadas estarão as almas dos que tem o dom de sentir!
Sinto muito pela vida, pois ela merece ser sentida!


23 julho 2011

Amy Winehouse - You Know I'm No Good





A cantora inglesa Amy Winehouse foi encontrada morta em sua casa às 16h (horário de Londres) deste sábado, 23 de julho de 2011, em sua casa em Londres.
A informação, divulgada por um jornalista do "Daily Mirror" no Twitter e confirmada logo depois pela polícia inglesa. Suspeita-se que a artista tenha sofrido overdose de drogas.

Aqui tá assim todos os dias...

13 julho 2011

.


Nós a sós,
Somos sóis,
Somente comumente
Repentinamente nós,
Como noz,
Com casca,
Descascamo-nos,
Lambuzamo-nos,
De sol,
De lua,
Crua dialética,
Amor de língua,
Feliz réplica,
Somos nós,
Assim a sós...


12 julho 2011

.


Numa manhã de pouco sol,
E nuvens preguiçosas,
O meu Eu foi à esquina
Comprar cigarros, e não mais voltou,
Depois percebi...
O meu Eu nem fumava,
Comecei a fumar quando tinha uns 18 anos,
Mas isso não tem nada a ver com o caso...
O fato é: o meu Eu fugiu de mim,
Procurei por todos os cantos,
Fui na esquina, na delegacia e até no necrotério...
Nada.... ninguém viu, ninguém sabe de nada,
Escafedeu-se...
Nem uma cartinha mandou,
Uma vez eu tinha uns 22 anos também dei
Uma sumida... foram três dias somente...
Mais isso é outra coisa...
(a palavra coisa é muito boa,
Serve pra qualquer coisa...)
Continuando...
FIM!
Com ponto de exclamação para não restar dúvidas,
Não ficarei mais na varanda, balançando na rede,
Esperando meu Eu chegar...
Tenho outras coisas por fazer...
Porém a multidão clamou:
E O SEU EU?????
Ah o meu foi na padaria,
Foi comprar cigarros e já volta...
E a vida continua...a cantarolar...


.


A palavra livre
Liberta o ser do vácuo
Da cela mente
Dita demente,
...
A loucura é a cura
Do pensar
Todo igual...
...
Para os loucos
Toda conversa
É uma nova saída,
De seu pensar
Aleatório...
...
Estou achando
Que estou louco,
Ou ficando,
Ou estando,
Mas tudo são meros
Boatos,
Eu não sou louco,
Pago meus carnês em dia,
Trabalho todos os dias,
Tudo bem...
Cometo algumas loucuras,
Tipo conversar sozinho,
Cantarolar uma melodia por ai,
Fazer careta em frente ao espelho,
Ou ficar dançando no meio da rua,
Coisas normais...
...
Todo louco tem plena
Certeza que é normal....
...
Lá, lá,lá...
O que você acha?
Quem?está falando comigo?
Sim...estamos só nos dois aqui,
Acho que você está louco
Não há ninguém por aqui...


~



Me descobriram
( Em segredo)
=a mim não tinha como
@mbando os vidros, portas, paredes
Tudo, tudo

$$$$$$$$$$$$$$$$$$$
=================
Felicidade
Não é?

< Nulo>
< Sem mais>Nem menos<
Assina o nome, por favor:
_________________________

: Em ; pe : que : nos : pe : da : ços :
¨#############Me Dissipei####################

Deram por mim (((((((((((((((((((((((MORTO!!))))))))))))))))))))))))))))))))))
Sai pelo metro _________________________________________________
até a estação central %%%

O esquema é esse mesmo, não é?
Correria, nervosismo, $$, mulher!

Eis que me invadem
No meio da madrugada

??????????????????????????????????????????????????????
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
...............................................................................................
.. .. .. .. . . . . . . . . . . . . . . !

Mais um cadáver a entra
Nas %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
Dessa reticente vida

11 julho 2011

.


a sola
gasta
pé de fora
poeira
encarde...
terra
preta
suja
a sola
descalça...
passos
percalços
retornam
à terra
moça...
saudade
da sola
outrora
nascida...

.


Num tímido amar,
De pétalas de sombra,
Uma flor se esvai,
Ao perfume das letras,
No encontro do olhar,
Que em forma de lábios,
Acaricia cada palavra,
Como a beber em silêncio,
O sabor dos segredos,
Acalento de nossos sonhos...


A Minha Voz


Ouça a minha voz
Que te fala com brandura.
Leva-a contigo,
No coração e na boca.

Fala por mim quando
Estiveres com os teus.
Dize com a minha voz,
Sobre a distância dos caminhos,
E sobre o silêncio que mora
Na alma das coisas.

Fala sobre os minutos
E o indecifrável tempo.
Dize que a solidão é líquida
E preenche um oceano.

Fala dos raios e dos trovões
Que açoitam como um chicote
O céu tenebroso e sombrio.

Sobre os negros insetos
Que adivinham o sangue
Nos corpos distraídos.

Que não resta mais nada
Sobre o céu.
Que só ficou um pó agonizante
Espalhado pelo vento.

Que o sabor amargo da vida
Deslizou para o centro de um corpo,
E que olhos viram
Dois seres perdidos, sem direção.


10 julho 2011

.


Não direi nada,
Não há nada pra se dizer,
Portanto calo-me,
Por míseros segundos,
Enquanto isso vou pensar,
Pensar em silêncio,
Nem murmúrios escutarás,
Nem uma vírgula de meu pensar,
Não farei gestos obscenos,
Não gritarei teu nome por ai,
Eu sei que sentirás falta,
Chorarás algumas lágrimas,
Mas logo depois esquecerás,
Guardarás a velha fotografia,
Bem no fundo da gaveta,
Onde seu coração não veja,
Jogará nossas juras pela janela,
Dará minhas coisas pro mendigo usar,
Terá somente meu nome bordado na pele,
Que mesmo as rugas do tempo não irão apagar,
Por vezes irá acariciá-las...
Nestas horas estarei escrevendo por ai,
Teu nome em rosas vermelhas,
Alegrando meus jardins de solidões...


Utópico tempo


Disseram-me para dar tempo ao tempo
O mesmo passou...

Sóis e luas, estações, os anos
Rugas, cabelos brancos.

Perdi alguns amigos
Ganhei alguns zunidos.

Não soltei pião
Nunca aprendi violão
Jamais namorei de mãos dadas
Tampouco chutei latas.

Perdi praias e cachoeiras
Ganhei cataratas.

Dar tempo ao tempo?
Eu o fiz...

E ainda não fui feliz! 

O espelho



Ela desabou!
Sua vida tomou o rumo contrário
Tudo foi confusão
Passou a não sentir
Seus medos a machucaram
Sua mente fez planos.
Refletindo seus erros e medos
Fazendo-a refletir seus atos
Distorcendo a verdade
Via tudo ao inverso
Sua vida não se passou de um espelho
Ela enxergava o contrário.
Sua vida não se passou de um espelho
Via tudo ao inverso
Distorcendo a verdade
Fazendo-a refletir seus atos
Refletindo seus erros e medos
Sua mente fez planos.
Seus medos a machucaram
Passou a não sentir
Tudo foi confusão
Sua vida tomou o rumo contrário
Ela desabou!

~



Na verdade eu não pesava
Esse tipo de maldade
Que as pessoas
Iam fazendo
Sem ao menos se tocar

Tudo era engolido
Porque era pra ser...

Dava uma dor de barriga desgranhenta
Permanecia calado
Queito
Cálido, feio taça

Porém pelos vidros
Das vidraças
Tu dizias: As coisas foram assim para nós, porque eram para ser!

E não tinha haver o fato
De ter abandonado
Faz tempo
Este oceano

Não tinha haver o fato
De tu ser uma aresta
De ser incapaz de seguir noventa por cento
Um mesmo plano!

E também não tinha haver a simples questão
De quando a amizade e o amor
Eram as questões mais dificeis e relativas
Fugiste na confusão dos números
eu, na confusão dos nadas

. Tudo era você
Ou um ser maior. ( que justificava-te)

. Tudo era gota
Enquanto eu mar ( perseguia um oceano)

. tu não me julgavas
mas cá eu te julgo, pior! ( dois seres, profanos)


.



Quando estou assim em branco
Feito a página do livro que alguém
Esqueceu de escrever,
Um longo deserto se forma,
E o lago e seus peixes somem da paisagem,
O poeta então fica por ali,
Na esperança do amanhecer de qualquer palavra,
A preencher o vazio do horizonte,
Talvez surja algo no percorrer das lembranças,
Algum momento ou esboço que lhe faça sorrir,
Mas os caminhos perdem-se por ruas desconhecidas,
Lugares bêbados, pessoas esquisitas,
E a página permanece nua, sem rabiscos, sem cor...
Uma imensa e infinita parede sem tijolos...
Talvez escrevesse sobre seus amores,
Não lembrava mais de nenhum,
Vez por outra derramava uma lágrima,
Era uma despedida, a tarde caia e o trem partia,
Ficava até ver o trem sumindo no horizonte...
Não chorou naquela vez,
Guardou a lágrima para um retorno talvez,
Ou para preencher a página vazia...


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