31 maio 2006

A massacrante felicidade dos outros


Há no ar um certo queixume sem razões muito claras.
Converso com mulheres que estão entre os 40 e 50 anos, todas com profissão, marido, filhos, saúde, e ainda assim elas trazem dentro delas um não-sei-o-quê perturbador, algo que as incomoda, mesmo estando tudo bem. De onde vem isso?

Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antonio Cícero, uma música que dizia: "Eu espero/ acontecimentos/ só que quando anoitece/ é festa no outro apartamento".

Passei minha adolescência com esta sensação: a de que algo muito animadoestava acontecendo em algum lugar para o qual eu não tinha convite.
É uma das características da juventude: considerar-se deslocado e impedidode ser feliz como os outros são - ou aparentam ser.
Só que chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão ligada na gramado vizinho.

As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias.
Os notáveis alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas fraquezas, então fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas,quando na verdade a festa lá fora não está tão animada assim.

Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro, alternadamente. Só que os motivos pra se refugiar no escuro raramente são divulgados.
Pra consumo externo, todos são belos, sexy, lúcidos, íntegros, ricos, sedutores.

"Nunca conheci quem tivesse levado porrada/
todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo".
Fernando Pessoa também já se sentiu abafado pela perfeição alheia, e olha que na época em que ele escreveu estes versos não havia esta overdose de revistas que há hoje, vendendo um mundo de faz-de-conta.

Nesta era de exaltação de celebridades - reais e inventadas - fica difícil mesmo achar que a vida da gente tem graça. Mas tem.
Paz interior, amigos leais, nossas músicas, livros, fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso vale ser incluído na nossa biografia.

Ou será que é tão divertido passar dois dias na Ilha de Caras fotografando junto a todos os produtos dos patrocinadores? Compensa passar a vida comendo alface para ter o corpo que a profissão de modelo exige? Será tão gratificante ter um paparazzo na sua cola cada vez que você sai decasa? Estarão mesmo todos realizando um milhão de coisas interessantes enquanto só você está sentada no sofá pintando as unhas do pé?
Favor não confundir uma vida sensacional com uma vida sensacionalista.
As melhores festas acontecem dentro do nosso próprio apartamento.

Martha Medeiros

30 maio 2006

Saudades




















Saudades! Sim... talvez... e porque não?...
Se o nosso sonho foi tão alto e forte
Que bem pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!


Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como pão!

Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti!

E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim!

Florbela Espanca

29 maio 2006


" O mundo é o seu caderno,
as paginas em que você faz a suas somas.
Não é a realidade, embora você possa exprimir
a realidade ali, se quizer .
Você também!!!
tem liberdade de escrever tolices, ou mentiras
ou rasgar as paginas...

Texto do livro Ilusões de Richard Bach
(As aventuras de um Messias Indeciso

O agora eterno...





Agora gostaria de poder estar contigo, neste minuto sentindo o teu coração batendo no mesmo compasso do meu. Sentir o teu toque e deixar os teus lábios percorrerem o meu corpo com vontade em descobrir um detalhe que ninguém conhece!

Gostaria e muito, de viver contigo uma vida perfeita. Sem pesadelos, medos, dúvidas, incertezas, apenas sermos felizes. Gostaria de poder curtir cada instante monótono ao teu lado e fazer dele mais um instante inesquecível na minha mente.

Gostaria de beijar os teus lábios, sentir-me dentro de ti, sentir o teu peso sobre o meu corpo, a força do teu abraço, o gosto do teu beijo, a beleza do teu olhar. Gostaria de poder fingir que estou dormindo só para sentir as tuas mãos nos meus cabelos, o carinho do teu olhar de modo que possa sentir-te mesmo de olhos fechados, poder adormecer e sonhar que a vida vai ser sempre assim!

Agora queria ouvir o telefone tocar e ouvir a tua voz dizer-me que estás com saudades, mesmo que tenhamos ficado longe por um dia, apenas uma hora, um minuto ou o tempo de eu escrever isto para ti e poder dizer com sinceridade: para mim, foi uma eternidade!

Quero cometer loucuras, as nossas loucuras secretas, só nossas. Não quero ter hora nem local, não quero parar para pensar, só quero sentir a paixão envolvida pela emoção e marcas na nuca.

Vamos ser loucos, vamos fazer amor sem parar em qualquer lugar, deixando o instinto nos guiar, sem limites, sem regras, sem juízo. Quero sentir as tuas mãos trémulas, apressadas a despir o meu corpo e acariciando o meu rosto, os teus lábios macios, molhados, delicados na minha pele, seduzindo a minha razão. Quero fazer o que jamais foi feito e ter apenas o amor como testemunha. Quero que me tires do sério, sejas a minha insanidade, deixando-me completamente louco, amante e amado...

Trecho de: "As palavras que não te dei..."
(Obra em constante construção!)

Julio Luz***

"As dificuldades sempre existem, são parte da vida.
E é bom que existam, ou não haveria crescimento.
Dificuldades são desafios.
Elas o incitam a trabalhar, a pensar,
a descobrir meios de sobrepujá-las.
O próprio esforço é essencial.
Assim, sempre tome as dificuldades como bênçãos.
Sem dificuldades, estaríamos perdidos.
Dificuldades maiores virão,
e isso significa que a existência está cuidando de você,
está lhe dando mais desafios.
E, quanto mais você os soluciona,
maiores desafios estarão esperando por você.
As dificuldades desaparecem somente no último momento,
mas esse último momento chega somente devido às dificuldades.
Assim, nunca tome negativamente qualquer dificuldade.
Descubra algo positivo nela.
A mesma rocha que bloqueia o caminho poderá funcionar como um degrau.
Se não houvesse uma rocha no caminho, você nunca se elevaria.
E o próprio processo de ir acima dela,
tornando-a um degrau, dá-lhe uma nova altitude de ser.
Quando você pensa criativamente sobre a vida,
tudo é útil e tudo é algo a lhe dar.
Nada é sem sentido."
Osho

28 maio 2006

KIRON:
A posição natal de Kiron revela uma área da vida em que fomos feridos em nosso senso de integridade. É uma região de extrema vulnerabilidade, a partir da qual desenvolvemos defesas equivocadas que nos impedem o confronto direto com nossa dor. Kiron traz em si a ferida e a cura, pois a medida que vivenciamos nosso sofrimento e desamparo, tornamo-nos mais inteiros e curados, por que mais sábios e humildes.

Pai do ambientalismo brasileiro


José Lutzenberger, falecido em 2002, chegou a ser nominado pela imprensa nacional e estrangeira como "pai do ambientalismo brasileiro" ao receber no Parlamento Sueco, em 1988, o Livelihood Award, o Prêmio Nobel Alternativo. Como secretário de Meio Ambiente brasileiro, entre 1990 e 1992, propôs que, a partir de um zoneamento do território nacional, fossem gerados planos de desenvolvimento regionais dentro de critérios ecológicos.

A divulgação da biografia de Lutzenberger busca não só levar ao grande público uma visão de mundo inovadora, mas também alimentar um processo cultural mais amplo, focando a questão do desenvolvimento econômico e da geração de renda nas diversas regiões brasileiras dentro de uma visão ecológica. O livro relata passagens e textos que bem refletem a importância da obra de Lutzenberger para a nossa própria sobrevivência. O pensamento antecipatório e altamente integrador que ele possuía era sempre muito atraente, pois revelava uma grande sensibilidade ecológica, porém, também, causava estranheza ou descrença em outros. principalmente devido a sua incisiva argumentação. Uma frase, talvez, exprima este seu impacto sobre as pessoas: Por que eu sempre nado contra a corrente? Porque só assim se chega às nascentes. (p.252) Esta busca das origens dos problemas não era gratuita. Ela também pode ser entendida através de outra frase, de autor não identificado, retirada de uma entrevista da revista Der Spiegel, em 1970, que Lutzemberger sempre levava na sua carteira. "Se alguma coisa dá errado, reflito sobre a maneira como posso transformar a situação problemática em uma vantagem. Esse é um truque muito importante na vida." (p.210) Vencedor de mais de quarenta prêmios internacionais (entre eles o The Right Livelihood Award, considerado o Nobel Alternativo) - por pouco não foi um livro de memórias. Lutz, como era chamado pelos amigos, faleceu em maio de 2002 antes de concretizar mais este sonho. Tarefa que coube a jornalista Lílian Dreyer levar adiante. Contundente, brilhante, polêmico, apaixonado, excêntrico são alguns dos adjetivos comumente associados a José Lutzenberger, que abandonou o confortável posto de alto executivo em uma multinacional da química para transformar-se em um dos mais ferrenhos defensores da preservação ambiental.


Lilian Dreyer - jornalista e escritora

27 maio 2006




Os Primeiros Contadores de Histórias
Joseph Campbell
Extraído do Documentário exibido na TV Cultura em 03 de novembro de 2004.
Transcrição de Valéria Miguez - valeriamiguez@globo.com

Os mensageiros animais do Poder Oculto já não servem mais como nos tempos antigos para ensinar e guiar a humanidade.
Hoje os ursos, leões, elefantes e gazelas estão em jaulas nos zoológicos. O homem não é mais um recém-chegado num mundo de florestas virgens; os vizinhos não são mais animais selvagens, mas sim outros humanos que lutam por espaços num planeta que gira em torno de uma estrela de fogo.
Não vivemos mais no corpo nem no espírito no mundo dos caçadores da era paleolítica, mas devemos a eles: as suas vidas, a maneira de viver, a forma do nosso corpo e a estrutura da nossa mente.
A lembrança dos mensageiros animais ainda deve continuar adormecida dentro de nós, pois ela desperta quando nos aventuramos numa região selvagem. Ela acorda aterrorizada quando ouvimos um trovão. E desperta com uma sensação de reconhecimento quando entramos nas grandes cavernas com pinturas rupestres.
Quaisquer que fossem as trevas interiores onde os feiticeiros dessas cavernas devem existir dentro de nós e todas as noites nós as visitamos em sonhos.
(J. Campbell; "O Poder do Mito").

12 maio 2006


experimentando...