18 maio 2011

.



Nada é igual,
Nem ninguém é um igual,
Somos objetos dejetos nada somos,
Apenas parecidos diferentemente,
Cada molécula cada olhar cada sentir,
Todos sentem de maneira outra,
Somos contrastes ambulantes,
Por vezes anônimos solitários,
Tudo é igual,
Até um ninguém ser diferente...



U2 - Vertigo (Taken from U2 360°)

Nada; ninguém; lugar nenhum...



Iluminação – destruição em ascensão –
Formando e reformando, falsa pretensão
Línguas, águas afogadas em chamas
Destino, prostrado em nossas vidas...

Há loucura em sua aura divina
Somos, fomos, dúvidas, persistimos
Mergulhamos agora em falsa pretensão

Enterradas em solo fértil
Uma busca eterna, através de sonhos
Abaixo, brilhante, entre, sobre...
Venha meu lorde, minha espinha central de guerra
Venha meu senhor, acabe com está amargura terrena

Entre respingos celestes
Aclamados sobre o fogo estelar
Aqui estamos, perdidos entre o eterno
Aqui queimamos, sobre à brilhante companhia da luz

Entre o caos há equilíbrio
Guilhotinas antigas, sobre o fulgor resplandescente do sol
Venha, minha dolorosa devoção
Morreremos, seguiremos nosso novo Messias

Pulso em espiral
- voltas e voltas –
Círculos perfeitos, desenhados em minhas veias
Desdobre-me sobre o pecado
Preencha-me no buraco vazio de teu ataúde de carne

Procura, o outro lado, salvação, entrelaçados...
Sempre, agraciados pela voz, pelo gosto dos sentidos
Glorificação permanente, meu sagrado símbolo profético
Ninguém, lugar nenhum, nada...

Venha meu servo de espírito
Alimente está alma santificada.


Phobia



No fundo,
eu tenho medo...
De descobrir
que durante todo esse tempo
fui um pseudo.
De ter transformado
um imbecil qualquer
em reverendo.

Ou talvez ter sido
submetido a tais tipos
de caprichos vis.
Onde o conhecimento
que expandi,
só trouxe a mim
miopia-daltônica.
Ironia concisa,
evitando o desgaste
das proparoxítonas.

E reprovado na neurolinguistica.

Restless...

É obvio!
Assim posso,
eliminar o hábito melancolico
pelos poros.
Sei que as fobias que demonstrei,
estão com mofo.
E também, o objetivo era outro.
Porém, escrever já me traz
um desconfortável conforto.


17 maio 2011

Para frasear
construo

assento
acimento
cada palavra
um sopro
um alento
quanto durará?

Para isso
um lê
dois lêem
de fora
uma visita
sou eu
quem mora
alguém se mudará?

Para brisa
um choque
eu aumento
a casa de vento
imponente
um limite
contra tempo
o que aparecerá?

Para quedas
o chão
o fim
nunca se sabe

.



Busco musgo fosco,
No passo vesgo hereditário,
Aleatório desprovido,
A esmo desnudo,
Mundo imundo esfacelado,
Revolto em si,
Cambaleante podre,
Cheio de gente esquisita,
Com seus troços e bugigangas,
Suas convicções bizarras,
Suas mentes ocas,
Tudo parecendo nada,
Um belo imperfeito,
Uma feiúra atroz,
Um cem fins derradeiros,
Ou dois contos de réis,
Duras faces da mesma moeda,
Moelas molas novelas,
Diga-me sua dor,
Quero comprá-las,
Confesse-me teus descaminhos,
Quero mudar a paisagem,
Sou assim passado,
Fragilizado periférico,
Apaixonado moribundo,
Cato teu olhado,
Redijo tua agonia,
Mato minha loucura,
Me despeço de mim,
E ainda assim,
Vejo-me desfigurado,
Neste contexto sem palavras,
Meramente espectador,
Puramente decadente,
Esporadicamente inexistente...


A Letra



A letra me alerta.
Abro cada palavra
Com faca de ponta.
Afino o som com golpes
Até chegar nos ossos.

Não encontro leveza nas palavras,
Mas restos carcomidos de tinta seca.
Decupagem de pedaços recortados
De meus sentidos inexatos.

Furto velhos hábitos
Costurando um fio
De linha tinta de sangue,
Que exangue,
Um perfil desesperado.

Encontro palavras efêmeras,
Que renunciaram esperanças.
Raspo cada letra com cacos de vidro.

Enxergo mensagens ocultas
Que suspiram na folha cortada.
Escrevo novamente a 
dor,
Com letras de silêncio.

"CÂNTICO AO AMOR"



Quero 
cânticos como risos de criança,

pingos de luar
ou
pedaços de sol
ferindo em jorros
a fome de luz
que na alma carrego
em forma de cruz.

Quero 
a quinta sinfonia
num bailado fantástico
e a alegria 
mormurante das fontes
da minha aldeia.

Quero um rio!
Quero um mar
ou
um corpo deslizante

Impaciente 
espero esse dia

Meus pés
descalços na areia
pura ressonância de alegria


16 maio 2011

.



Compressas lúdicas aliviavam a dor,
Nos parâmetros vazios da vertigem sonhada...
Latindo seus olhares de alecrim,
Em forma de pandorgas de riso
E claves enrustidas de dó menor...
Pepitas vulgares na avenida das ilusões,
Fingiam seus segredos enredos medos,
Meros retalhos da carne ao desjejum,
Ao trotar de seus intermitentes tropeços,
Em troca de minguadas carícias ao relento...
Calotas banguelas em sutis bandejas,
Serviam ao fetiche das viúvas desvairadas,
Largadas a própria sorte dos desencantos,
Esperando seus adormecidos amantes,
Homens crus de natureza esquecida,
Servidos em cálices de lantejoulas tristes,
Celebrando sua eterna nostalgia perdida,
Em pequenas doses de saudades triviais...




Perante a Nix,
Não se iluda
com a Medusa
disfarçada de Afrodite,
E quando olhar em seus olhos, vixi!
Tum, tum, tum, tum,
coração petrifique.
Só Eros pra induzí-los
a tamanhas tolices.

Sei quem gargalhava
enquanto estava
com síndrome
de obra inacabada.
Da ribalta observei
seu me ver tendo um
ataque de inspiração.

zé-povinho é uma espécie de Hidra,
com máscara simpática
e por onde passa
exala opiniões mortíferas.
A cada
cabeça cortada,
surge uma nova com 10 linguas
pra falar da sua vida.

E quando chegarem ao apogeu
perceberas que não há paz
nem nos braços de Morpheu.

Sou um anjo decaído,
agora canonizado
por ter ido
e voltado
do Tartaro...
A vitória é um banquete
dos deuses por mim degustado.

Sem remorso,
ampute o despresível.
Comece pelos: "eu não posso...
eu não consigo..."
Há quem pularia se a felicidade
fosse um abismo...


15 maio 2011

'Soma



O fim começa à retroceder
Minha alma sem medo, ou dor
Rosa, em sua mais alta plenitude
Minha madrigal celeste
Estrela terrestre de minha alma
Respire o último tom violeta da terra
Exprima tua angústia, para longe, no céu
Vista-se de pedra, seja meu escudo de papel
Seja uma semente para este coração vazio
Plante-a, seja meu ópio nocivo
Seja minha soma diária
Minha sagrada, profana
Deixe-me ir, para mais além de teu corpo
Cubra os olhos, preencha minha boca
Arranque às feridas deste servo contraditório
Seja à minha mais nova arte negra
Seja um novo dia, em ascensão
Seja meu perdão diário, ao passado que tento esquecer
Entorpeça-me com teu odor, com o teu gosto
Beije-me, até poder afetar minha inteligência
Sugue tudo, tudo, todos
Deixe-me aqui, sozinho, no agrado de tua sombra
Não me importo mais com o mal, que ainda pode estar aqui dentro
O seu bem, será um novo filtro dentro de mim
Não me importo, não me importo mais...
Quero morrer em seus braços
Quero esquecer o gosto da dor
Aquele, entre a língua e o céu da boca
Não consigo esquecer, não me lembro de viver
Não me lembro de tentar, não me lembro de sentir
Não me lembro de mais nada, não quero, não desejo
Não mais, não mais...
É como se tivesse uma faca em meu peito
Berros ao nada, dizendo
- minha alma ganhou mais uma nova rachadura -
Estou aqui, minha pérgola enfeitada de flores e vinho
Sim, o vinho, o odor do inverno
Paira sobre suas asas divinas
Exala vida, para dentro deste boneco de ferro precário
Volte, volte para mim
Este servo maltratado, implora sua volta
Entorpeça-me mais uma vez
Seja à droga, da qual tanto necessito
Seja meu admirável mundo novo
Minha soma diária...
Seja o início, que retrocede ao fim de meu tempo.


Renascida de Mim



Junto flores de silêncio e sonho,
E troco por um vento de canto sibilante.
Decifro o código das dores, para manter
O fogo que arde em mim.

Deito no azul turquesa das águas fluviais,
E sigo num remanso de esperança.
Heras de veludo me cobrem,
Lembrando o som de meu nascimento.

Preparo o caminho verde de musgos frescos,
Para meus passos se tornarem confiantes
E renovados.

Desvendo todo o segredo que queima
Minha garganta e o meu ventre
Quando pronuncio o seu nome.

Torno-me primavera em pleno inverno,
E um deus de luz me conduz
A lençóis de névoa e pétalas.

Descanso em seu colo de ternura,
Em meio a uma fragrância de lírios,
Enquanto ele sussurra um verbo vivo,
Dizendo que eu estou renascida de mim.


.



No rosto um velho olhar
Desperta lembranças...
Uma fotografia preta e branca
Ao relevo das paisagens adormecidas...
Uma música cantarolada
No silêncio das tardes preguiçosas...
Apenas um passar do tempo,
Um passatempo apenas,
Tudo passa, todos passam...


14 maio 2011



Na calmaria estava medroso da tempestade
enquanto insone era cuidadoso de não acordar
era em cima do muro
na correnteza moldadora meu barco seguro

Estou fantasma
a parede não me para
vencendo a gravidade
sou no telhado

Só sereno
sol vindo
era estrela
está vida

Nada foi mantido mesmo continuando tudo ali
estive em outro lugar agora sou aqui


.



Um susto cultuava os avessos dos labirintos,
Nossos avôs não disseram nada sobre os amores e suas feridas,
Ficamos muito tempo nos machucando com olhares,
O aspecto insolúvel disso tudo era o vazio apenas,
Um poço seco no meio do deserto,
De nada adiantava sonhar com as chuvas,
Nem com as paixões adoráveis,
Elas talvez nunca nos visitassem por aqueles cantos remotos,
Choraríamos por um tempo as flores murchas,
Depois compreenderíamos...
Somente então perceberíamos a sua inexistência,
A dita cuja paixão arrebatadora,
Ficaríamos órfãos dos amores belos,
Não teríamos um nome específico,
Seríamos uma peça qualquer do tabuleiro,
Uma brincadeira de criança numa chuva de verão,
Com um número aleatório gravado no peito,
Vivendo um arquivo de registros banais...
Em fevereiro foi visto numa praia deserta caminhando...
Em junho surgiu na janela aparentemente para se refrescar...
Na primavera saiu uma só vez...foi até a calçada e voltou...
Não fumava, não bebia, não tinha telefone, nem televisão,
Ninguém o visitava, não recebia cartas,...
Sonhava apenas coisas banais...
Amores banais, paixões banais...
Meras circunstâncias do cotidiano,
Por fim ria de tudo aquilo...




Quando eu vi aquela menininha
Feia, mas feia!
Percebi que batia em mim
Ela sorrindo
Uma vontade imensa de ser
Ela me dando um abraço
Mais do que um professor
E sim

Um palhaço!


13 maio 2011

Repensando Mágicas Saídas (Acróstico)




Ruas sem saídas 
Estradas difíceis 
Paradas impuras 
Entre o certo e o incerto 
Não encontro saída 
Soluções verdadeiras 
Abdico de mim mesmo 
No desconforto da vida 
Dúvidas 
Olhos sinistros me olham 

Mágica da noite 
Almas flutuam 
Gente morta e viva 
Indigentes 
Correm para o além 
Almejam perdões 
Sofrem por alguém 

Seguem sem rumo 
Algo novo surge 
Indivíduos sem mágoas 
Distintos, surtos 
Amigos, inimigos 
Somente vultos 


É URGENTE PARTIR


Meu coração
aprendeu a viajar
todos os dias
em combóios fantasmas
que choram
pela noite adentro.

É urgente partir!
É preciso ficar!

.



Estão por todos os lados,
Mancos de vírgulas,
Capotaram na primeira consoante atrevida...
E eis que por ai estão,
Sujeitos ocultos moribundos,
Que nos venham às oxítonas,
Parasitas coisas e pigmeus ...
Não estou nem por ai,
Nem que a cobra vire bode,
E lá se vão os forasteiros da terra de ninguém,
Nem sabem para onde vão,
Nem aonde chegarão,
Também se dane...
Essa última estrofe de nada significou,
Escrevi por escrever... pulem...
Falarei de que então?
Do rato do mato
Que num ato desvairado,
Morreu-se matado,
Num duplo suicídio...
E ainda era metido a palavreados incomuns,
Destes que casam nada com nada,
Sabem aquele verbete virulento,
Aos abraços com o substantivo esquisito?...
O amor nunca explica nada,
Nem quando chega nem quando vai,
Apenas vive-se,
Ele...


Todas as coisas têm um fim



Por que tudo acaba?
Existem coisas , que acabam mesmo sem ter começado...
É a mesma coisa com as nossas vidas...

Por que tudo acaba?
Quando a gente acha que está tudo bem , realmente é porque não está...
Por que as pessoas morrem na flor da idade?
Por que tudo acaba?
Para tudo , deve existir uma razão...
Não é acabou e ponto final...
Por que tudo acaba?
Por que existem alguns filhas da puta , que acabam com a nossa vida?
Pois eles entram nela , mesmo antes dela ter começado...
e saem , como se nada fosse...
Vô...acho que você tinha razão...nada muda...
você foi embora...e nada mudou...
eu faria qualquer coisa para te ter de volta...
sinto muito sua falta...
me perdoe...por não estar lá quando você mais precisou...
eu me arrependo disso...
sinto esse gosto amargo do arrependimento...
Você se foi...
e Nada pode mudar isso....
mas eu queria que você voltasse...
Você foi muito mais do que um avô...você foi um pai...e acima de tudo...um Amigo...
eu desejo muito que você volte...
mas nada pode acabar com esse sofrimento...
acho , que isso não passará de um sonho ruim...que eu quero acordar logo...
isto está me sufocando por dentro...
você deve estar em um lugar muito melhor me olhando...
mas mesmo assim...eu quero você bem...então...
peço perdão por todas as besteiras que eu fiz na minha vida...peço perdão ´por ter te magoado...
Me desculpe...


ENTREGO-ME



Procurei pelo teu rosto na escuridão da saudade
Procurei pela tua voz em cantos de pássaros mudos
Tua presença é minha quimera, meu bem estar
Frutos de uma árvore bela, primavera, razão de amar.

Por entre pequenas parreiras, bebo teu vinho, doce que mancha
Piso em poças d'água, fazendo ondas, que refletem meu sorriso
Em um segundo, por dentro de nuvens limpas, estou em um céu
Voo, fazendo curvas, em um aviãozinho de papel.

Sem rumo e com força
Sem dor ou remorso
Sou homem e sou moço
Sou puro colosso
Me livro da fossa.

Nesse mundo, que limpo do imundo, se desfaz em desejos
Te roubo um beijo, sou um moribundo que cai no teu brejo
Te quero faminto, sou animal de circo, por fim te obedeço
Teu colo é meu berço, me chamas de filho, tudo isso eu mereço! 


10 maio 2011

Antes de te ajudar


E antes de te ajudar
Que te prejudique
Muito, com asco, veemente

Inimigo de si próprio
O seu maior campo
De batalha

08 maio 2011

Libris Scripta


"Plínio,
sequer acreditaria
que ficaria tão exímio.
Ou que após transformações
o lápis seria derivado
do romano Stylus.
Entenda nas divações.
realmente é, Idílio..."

Nesse rito esquisito
dentro do viveiro.
No silêncio,
germinam as sementes
do Pinheiro.

Conjura purificação,
no crescimento.
Dissipando a combustão
do gás carbônico.
E devolvendo o oxigênio
acentuado pelo número atômico.

Os entalhes surgem,
passada a puberdade,
temporal que ruge.
Onde galhos são podados.
E, para o solo servem
como calcio.

Então, a arvore
atinge a maioridade,
na qual passa pela serragem.

A madeira é cortada,
descascada, dividida
em tabuas finas.
com 18x7,5 centimetros de medida.
Onde será seca, tingida,
até ficar rosada e macia.

Passado esse ciclo,
uma maquina desvairada,
abre as ripas em semicirculo.
Eis que o que já foi o ouro negro
é introduzido.
Seu nome é derivado do escrever 
no grego.
Mas em inglês foi lead,
no termo histórico restrito.

Soma-se os expoentes,
mas, pouco entende-se,
que assim como o Big Bang.
a descoberta do carbono
está anexa como fruto
de um escombro.
Que futuramente beija
as páginas em branco.
Pai de vogais e consoantes.
De matizes variantes.
Que em suma necessitamos.

A grafite que se usa,
não é pura.
É simetria.
É mistura de argila
e agua condicionada
a altas temperaturas.
Até obter o formato cilindrico
como espessura.

E na sequencia,
outra canaleta de madeira
se acrescenta.
Tornando-os peça unica.

Sou simples, sou claro.
às vezes colorido,
para contrastar os espasmos
ao ser apontado.
sou fino de traço largo.
Escrevo e tenho dislexia
ao contemplá-lo.
discreto, redondo, hexagonal.
Biodegradável.


07 maio 2011

Infância!



Era tudo tão fácil
Brincadeiras histórias
Desenhos de heróis invencíveis
Hoje vejo que meus heróis já se foram

Minha infância!
Falsas amizades
Alegria que durava até a hora de dormir.
Sonhos lúdicos

Sem noção, sem preocupação!
Sempre feliz
Tudo fora da realidade
O pouco valeu muito.

Ingênuos!
Perdão fácil
Amar sem pedir nada em troca
Medos do inacreditável.

Minha nobre criança
Sei como é passar por isso
Acredito e aproveite sua infância
Creia que no tempo certo você á de crescer!
E lembre-se que todos os contos de fadas têm seu fim


04 maio 2011

A dança dos sete



Os passos
Guiam-me
Por dentre esta floresta d'água
Não vejo
Não ouço
Apenas sinto
O movimento
A sinfonia dos passos

O sol, céga-me
Como há de fazer todos os dias
Ilumina
A água
Os passos
A dança
Todas as cores em harmonia

Em sete
Se contorcem
Se retorcem
Em passos, em pingos, em água

Tudo
Tão alto
Tão próximo do horizonte
E eu cá embaixo
Tão pequeno
Um pingo
Uma gota de pessoa
Diante de tão potente
Halo de luz
O halo dos sete

As cores
Não posso ver
Não posso ouvir
Sinto tudo que não posso
Sinto não poder
Mas o cinto pode
Aperta os céus e a terra
Neste nobre halo de união.


01 maio 2011

Ganhei da  Rachel, premiada por mim   no 119 CP, 
da comunidade É Probido Proibir.
O poema Seu Gesto está aqui no blog.


.



Contudo com nada
Chegamos a lugar nenhum,
Interpretando nossas lágrimas
Mais longínquas...
No oposto do poço profundo,
Onde por vezes jurávamos nossas almas...
Segundas e quintas ao entardecer ...
Sem medo, sem parte sem pudor,
As luzes as cruzes decorando o altar,
Pudéssemos estar errado,
Tortos de direito ou vice-versa,
Mas a idéia era outra,
Diriam os ortodoxos...
I Love You!!!
Gritaria pelas ruas
Consciente inconscientemente vulgar,
Fugaz atroz belingüe cachaceiro,
Não ligo muito pros comentários,
Contrários arbitrários perdidos,
Danem-se Please,
No oco rouco de suas lamúrias rotineiras...
Estava feliz estava triste,
Minha sensatez havia partido,
Minha agonia gargalhava...
Restavam-me ainda alguns trocados minguados,
E um riso gravado,
Dos tempos que ainda sorria...
Venha a tempo mesmo que esse tempo nunca chegue,
Estarei onde sempre estive, porém em outro lugar algum,
Não tenha pressa em teus passos,
Por fim sempre chegarás onde serias por chegar...


Endireito



Cansado de mim
me encantam ainda
teus olhos rosas
de jasmim.
Jaz Mim...pensei, bucólico,
ao meio, aterrorizado.
Refleti. Calculei. Dormi.
Não havia mais maçãs na geladeira.
Não havia potros pardos na pradaria.
Não havia
poltronas estofadas
na estação
ferroviária
dos caminhos
da alma
de um pequeno libriano.
Todos os astros
acesos,
Onde estão teus cadarços,
teu tênis sujo de lama,
teu pesar tristonho? Além?
Cada qual nos cala um tempo,
o tempo do pulsar do ponteiro
de um relógio de muito manuseio.
Nem grito, nem peço, nem faço,
degluto.
Roem-me os silvos
do jardim. Defronte há uma ponte:
Cerãmicas, mármore, vidraçarias.
O ventre seco do rio.
A poeira, agora, vermelha. O céu lilás.
O betume do cativeiro. Os elos
da corrente. O sangue do virgem,
a pobre risada do sem-sal.
Divago, flutuo, me acabo.
Não há troco nesta caixa vazia.




Ainda há tempo, pois deixei pegadas
No ar para você reinventar o sopro.
O corpo renasce e teima como
Grão de poeira que quer voar.

Nesse espaço solitário serei ave,
Única entalhada no horizonte,
Resto de um mundo que incendeia.

A grande nuvem que você deixou
Formou um desalinho,
Um movimento de pegadas que adivinho,
Passos que se debatem
Dentro de caminhos.





Eu não quero competir com você
Pois já basta
De tanta petição nesse mundo
Para pedir brigas, derrubar governos
Acabar com leis

Nunca quis saber daquilo
Se disse, já foi
Se já foi
Deixa estar

Não vi o debate dos deuses
Não participei das batalhas Homéricas
Nem o seu grito para dentro do ringue
Ou a queda de braço dos homens

Pois se já não conheço o porquê
Sem saber dessa briga
Porque será que volta para mim toda hora
Feito brilho fosco, anti aurora?

Qual o sentido de tudo me levar
A ir contra ti?
Eu que nem nasci perto
E nem sequer te vi...

E por tudo isso
Meu deus,
São ônibus cheios
E ideias lotadas

São pernas nuas, despidas
E minha mente
Entre
Cortada

Tudo me leva
Suando o frio gelado
A seu instante,
Ao seu translado

És uma vítima grega
Eu um romano infeliz
Eres uma afegã xiita
Eu, o pashum que ri

Com um guarda chuva
O mato chorando lá fora
Te vi

- Um abraço?-
Dois, três
Mas o céu era vermelho
E eu te detestei, mais uma vez



Meu peito suspira a espera
Como se cada suspiro
Fosse contando regressivamente
O momento que cessará

E te verá, aos poucos, enfim...

Minha boca treina o verbo
Para não delatar minha timidez
E por ela não ser condenado
Para este momento que se repetira

E te verá, mais um pouco...

Minhas mãos treinam o laço
Para entrelaçar firmes
E porém soltá-los
Para que você volte e os amarrará

E novamente, porque queira...


Seu Gesto



Não sobrou mais nada
Daquele lugar longe do mar.
De mim, apenas um grito
Projetado do âmago
De uma folha em branco.

As manhãs estão cinzas
E seus passos que vagavam
Dentro de meu coração
Agora sonham em outro peito.

O abrigo suave está em ruínas,
Pouco sobrou de quase nada.
Foi-se o inventor de sonhos,
Perdeu-se o começo da noite
Que eu guardava na palma da mão.

Tentei trazer outro construtor
De caminhos ondulantes,
Outro que soubesse mais
De pontes de abrigo
E uma casa de pássaros e vento.

Não sei mais como saber sobre encontros,
Dentro dessa história cheia de silêncios.
O ar que continha o meu fôlego
Quase dentro do seu, 
Agora flutua sobre um projeto de gestos
Dentro do meu corpo que morreu. 


Carta para amiga...



Emana um porém qualquer de olhar,
Para o dia perceber que a tua lua,
Também resplandece,
Nos confins dos rasos,
Nos trampolins dos passos...
Somos assim mutantes persistentes,
Malucos felizes conflitantes,
Em arte, em marte, ao entardecer,
De nossas saudades,
Ainda que tarde, ainda que distante...
Nos faz ser, nos faz sentir,
Um universo diferente,
Um amor infinito,
Uma esperança ainda que abstrata,
Que somos belos, somos meros passageiros,
Somos eternos queridos cúmplices,
Num profundo outro sentido,
Numa outra distante fronteira,
Tão próxima ...
Quando enfim percebemos,
Que podemos viver
O viver nunca vivido...
Podemos amar
O amor nunca sentido,
Pois somos loucos,
E os loucos sempre
Cometem loucuras...
Talvez a maior delas
Seja a própria infinitude
De sua doce vivência...



Cor-a-ação




Meu coração?
Um pedaço de esfera
Triangulo de duas pontas
Cavidade sem abertura
Massacre sem vítimas

Quando sai pra passear?
Igreja sem altar
Galinha sem ovos
Ovos sem gema

Quando pensa em alguém?
Pensa em pensar em ninguém
Dor sem remédio
Remédio sem dor

Quando viaja?
Volta, volta, e vai
Mala sem zíper
Zíper sem mala

Meu coração
Quando sai pra passear
Quando pensa em alguém
Quando viaja
É tudo 
.
Menos meu


.



Sempre que abro esta página em branco,
É como se tivesse abrindo uma janela pro mundo...
Por vezes vejo meus sonhos amanhecendo,
Devaneios distantes, cada dia mais próximos,
Risos de criança no sabor das peraltices,
Palavreados livres sem medo nem documento...
Outras tantas vezes não vejo nada,
As idéias são meros abstratos turvos,
De paisagens tristes e melancólicas,
Parecido com outonos e sua folhas adormecidas,
Esperando sua vez de cair...

MELANCOLIA"


Meu regaço está vazio

duma eternidade por preencher

Que fazer
...com esta solidão?
Que fazer
com esta saudade?
Que fazer
com este amor?
Ensina-me as lágrimas!
Explode-me o vulcão
aglutinadamente calado
como um punhal extenuado!
Devolve-me a paz
desta ferida melancolia.
Porque
onde jaz a rosa,
se ausenta a alegria.


Prometo-lhe



Prometo-lhe conhecer-te ainda
Pois o encanto é tanto que invade
E faz esta vontade ser infinda
E os dias pararem pela ansiedade

Pois sinto que para beirar-te
O caminho, eu não desviarei o meu
Apenas terei que aproximar-te
E se unirão, feito linha de mar e céu

Como se o horizonte demarcasse
O que nos separa, tal linha invisível
Sem dividir, apenas um impasse
Para que entender-te seja impossível

E assim perdure sempre teu encanto
Por mais que a todo momento eu olhe
Eu não entenda-lhe nunca, e no entanto
Entenda-lhe tanto que possa amar-lhe




O teu silêncio é luto
O meu silêncio é carnaval
A tua estrada é curva
A minha estrada é reta

Juntos, fizemos um pacto
: Nunca amar:
O mesmo tato

Linda donzela
Que dança na minha frente
Para ti é gótica em marquise
Para mim, vinho tinto em ca-li-ce

Irritantes horas amarguradas
Carregadas pela lua enluarada
Alto da manha, o mesmo dilema
Alto da manha, o outro dia

Teu riso é de parva cidadela
Mas tua fronte, de nobre donzela
Em ti, sua almadiçoada voz me chama
Condema-me com felicidade, bela dama

Tu, que eras bela
A mais linda mulata da Portela
Disse-nos:
Um fado, por favor

Com uma das mãos
O frio, congelante
Com outra das mãos
O calor, penetrante

O que fazer?
O que dizer?
Se essa mouça me faz enlouquecer
Se fico são só de te ver!

Junta-te em um só, e se faz o plasma

Linda negra
Horríveis olhos
Cheiro das mais portentosas gemas...

Tu eres o néctar do diabo
Que beberam os anjos
Em aprovação a Deus
Na festa do Inferno

Baila, gira, rebola
Samba!
E as quatro pernas bambas
Saltavam no ar

É musica que acaba
É ódio que termina
É felicidade que não se consome
É fogaréu enorme na retina

Pra onde vais?
Pra onde?

Vou ficar só
Contemplando o horizonte...
( Talvez a mulata vá lá, mas sei não
Ela só sabe mesmo é sambar...)


.



Não diga nada,
Mesmo porque há nada para dizer,
Até por que todo resto já fora dito,
Será mera repetição,
Pare,
Agora,
Ou nunca mais terá retorno,
O início nunca mais volta,
Se volta é por que você nunca começou,
Pegue um taxi e vá para longe,
Tome mais umas doses,
Somente chore o necessário,
Abra as gavetas e ventile as lembranças,
Encontrarás teu enigma num canto esquecido,
Amarelado, amassado...
Decifra-o,
Ontem mesmo,
Por fim abra os olhos,
E diga algo qualquer,
Mesmo que o silêncio lhe seja plausível,
Gosto de suas histórias,
Seu jeito melodramático de ser,
Sua loucura branda gesticulando pequenos passos de balé,
Siga
Agora,
Longe deste olhado
Vá de encontro com seus fantasmas,
Eles estão sorrindo a lhe esperar,
Ficarei por aqui,
Aqui somente,
Relendo nossos olhares,
Lembrando nossas frases,
Amanhecendo minhas saudades
Nos varais deste tempo incógnito...