24 junho 2009

10 junho 2009





Só mais um tempinho,

dizes, como se o século

compreensesse diminutivos.

04 junho 2009

Caixa de Papelão



Troco suas mil palavras por um abraço
Deixo de lado suas cartas para poder te beijar
Desligo o telefone e subo em um ônibus
Faço de tudo para poder lhe acompanhar

Ouço mil promessas enquanto penso nas surpresas que lhe farei
Canto versos lindos escondendo o buquê de rosas
Corro 1000 quilometros tentando chegar antes de você
Para que eu possa te mostrar aquele vestido
que você sempre quis comprar.

Mas nem tudo são caricias
Nem tudo é amor
Nos conflitos do dia a dia
Quero te mostrar quem sou
Sou um amante cruel
Enciumado e venenoso
Vingativo e curioso
Sou como qualquer outro apaixonado
Amando

Crio espectativas de ouvir de você palavras vãs que lemos em livros
Não aas ouço...na verdade...não as quero

Quero-te apenas para saber que existo
Quero-te somente ao meu lado
Abraçados
Esperando a vida acabar
Aproveitando o tempo que nos falta
Sem importar o lugar

É eterno
Para sempre...eterno
E se talvez, no futuro, isso venha a acabar
Saiba que de uma forma ou de outra
Será eterno...nas lembranças de um porta-retratos
No fundo de uma caixa de papelão
Isolada de mim a alguns anos...quem sabe até decadas
Mas o passado, não existe...existe o presente que,
constantemente muda
E nos deixa acompanha-lo onde quer que vá

-Queria...Vamos tirar uma foto?

03 junho 2009

Querer é poder




Afogando a imaginação brutalmente
Dentro de um dilúvio de desejos
Posso não saber o que quero


Afagando os pés com a grama do campo
Sento na terra e pego uma flor
Mas não é da mesma cor que as outras
Então finjo que não quero


Atracando as sílabas decisivas na boca
Sobram os olhos suplicantes
Inúteis globos nessa situação
Lento o momento se acaba
E eu finjo que não queria nada


Apalpando os sonhos e vontades
Que começam a rasgar o peito para fugir
Enquanto me chamam de idiota
Sinto que falta um rosto
Que o desejo não foi suficiente para criar
-Eu o quero


E o que faço?
Espero cair do céu!


Benza Deus!
Podisperá na cova, palhaço
Esmero e força ponha nesse aguardar
A única coisa que vai conseguir
É se borrar

02 junho 2009

Carta de alforria



Debruçado na janela
Olho o céu, esperando os raios de sol
Aguardando ansiosamente por alguma coisa
Que finjo não saber o que é

As palavras ficam enterradas na garganta
Os olhos encobertos de remela
E os sonhos mumificados a base de formol
Extenuando até a última gota as esperanças
Num delírio que recria todo dia a fé

Malditos dias estes!
Vão embora, vão tarde!
Eu agora quero novos dias

Eu quero
O dia em que não vou mais desejar
Que o vento te sussurre os meus sentimentos
Que as ondas explodam em tsunamis meus pensamentos
O dia em que não vou mais esperar
Que apenas um olhar diga todas minhas palavras
Que apenas gestos vagos me libertem de minhas amarras

Com toda a minha força eu quero
O dia em que não vou mais fingir
Que me entendo e entendo você,
Que prefiro não arriscar e dizer,
Que estou feliz e satisfeito
Em ficar remoendo e deixar doer

Chega!
Chega de lágrimas inúteis
Chega de soluços patéticos
De tristezas decadentes e tímidas
Que se alastram como um câncer
Incapacitante, decepante, atormentador
Que é o medo de viver

Venha, venha
Eu quero e terei
Me esforçarei para alcançar
O dia
Em que não vou mais precisar
Me esconder atrás de um poema para dizer que te amo
Em que não vou mais me lamentar
Pelas coisas que nunca tive coragem de fazer
Em que eu vou agir
Sem atacar ou fugir
Para ser uma pessoa melhor

Eu quero
Eu faço
Eu construo agora
O dia em que vou me libertar
De mim mesmo
O dia em que conquistarei a liberdade
De poder voltar a desejar outra coisa
A liberdade de deixar algum sonho me escravizar
E por ele lutar, sem nunca temer
A arte de viver
E não somente existir.