26 junho 2011

O verbo do meu presente



A palavra é algo que nem consigo perceber: sai de mim apenas.
Como núvens que vagam no céu,
a gravidade e a metafísica,
Ela transborda de mim e cai no papel
Palavrar é o que me resta e hoje é minha sina.

Mas não palavro da maneira que se deve palavrar
Não entendo muito de palavreado
Eu palavro o quero
Palavro sobre mim
Palavro da maneira que melhor caber a mim.
Palavro para aliviar e transformar a dor,
Para fugir e esquecer,
Palavro para esvaziar e não mais caber.

Só a palavra consegue refletir, em imagem concreta,
o que se passa na minha alma inquieta.
Falar e se expressar ao mesmo tempo, às vezes, é algo difícil demais de se fazer

Mas não gosto de sempre palavrar. Longe de mim!
A palavra é como uma droga: quando a uso, do mundo me vejo fora.
Mas o que fazer, se meu corpo palavra, minha alma palavra, e eu transcedo quando nas linhas me perco?


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