27 junho 2011

Caminho de Volta



Pressentia a chuva que vinha
Tombando árvores, roubando telhados
Visíveis e invisíveis.

Os pés encharcados de água
E peixes miúdos avançavam
Manchando o chão de luzes
E respingos prateados.

Dentro do coração, os poemas
Nasciam com ecos,
Confessando um novo amor.
Um que já existia escondido
Na substância da chuva e
No hálito dos pássaros.

Vivia dentro das constelações,
Alucinado para voltar ao que era seu.
O futuro era um corpo celestial
Feito de pequenas luzes
Que marcavam o caminho da volta.

O ritual transpassava a tempestade,
Deixando o eco de sua voz arredondado
Como trombetas que chegam com
O som dos relâmpagos.

Ajoelhei-me pedindo perdão
Pelas luas infinitas de separação,
Pelas ilusões perdidas no mundo
Imaginário que escolhi viver.

Quando você entrou em meu corpo,
Invadindo-me por todos os lados,
Derrubando tudo que falsamente resplandecia,
Eu estava de braços abertos e nua.

Você conheceu os meus aposentos mais secretos.
Toda a minha espera foi banhada de liquens e musgos.
Fui adornada de folhas de crisântemos,
Enquanto bebia de sua transparência e
De seu cálice de néctar por todas as noites.
E foi assim até o fim dos nossos dias.


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