12 junho 2011

A Minha Voz



Ouça a minha voz
Que te fala com brandura.
Leve-a contigo,
No coração e na boca.

Fale por mim quando
Estiveres com os teus.
Diga com a minha voz
Sobre a distância dos caminhos,
E do silêncio que mora
Na alma das coisas.

Fale sobre os minutos
E o indecifrável tempo.
Diga que a solidão é líquida,
E preenche um oceano.

Fale dos raios e dos trovões,
Que açoitam como um chicote
O céu tenebroso e sombrio.

Sobre os negros insetos
Que adivinham o sangue
Nos corpos distraídos.

Que não resta mais nada
Sobre o céu.
Que só ficou um pó agonizante
Espalhado pelo vento.

Que o sabor amargo da vida
Deslizou para o centro de um corpo,
E que olhos viram
Dois seres perdidos, sem direção.


Nenhum comentário: