29 agosto 2009

Viajor



Vou por trechos encachoeirados
sem setas indicativas,
por picadas encobertas
pelas folhagens da vida.
Incertos vãos, frestas, brechas, fendas.
Feridas.
Orifícios de paixão e suor e ganidos.
Miseráveis absurdos de mentes funestas.
Cortes profundos,
acelerados passos,
sangrias,
moribundos.
Se peco ou se perco
a noção
do momento obtuso,
regresso por tanto temer
este pouco de escuro.
Se chove ou se venta ou se tento
alçar vôos noturnos,
o mêdo,
esta algema,
este trema,
me prende a este solo inconcluso.
E assim vou vivendo
entre homens complexos,
gemendo umas dores que nem doem mais.
Sou vésper,
estrela matutina.
Sou creme, sou preto, sou âmbar,
sózinho e acompanhado,
água turva,
barrenta,
opaca,
que nada em mim cristalina ou desata.


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