02 agosto 2009

Azul




Meu azul é bebê
É marinho, escurecido, manchado como uma múmia enfaixada de bolores
É a transparência vítrea das lágrimas que não refletem nada
Apenas gritos de origens e sensações profusas, com significados únicos evaporando
Em um turbilhão
De muitos azuis diferentes zanzando pelas paredes de fumaça se chocando em
Explosões
Êxtase sinestésico, paranóico, diluviano, jorrando luzes como uma cascata
Fogos de artifício de aquarela desbotando e resbotando aromas entorpecentes, macios, hipnotizando alguma parte do corpo que não sei qual
Tudo flui rebolando pelo ar sensualmente como suco de sucuri

Meu azul é o céu
Do dia, da noite, da esperança e da queda, da desilusão
É a aura, por mim mística, da lua
É os sussurros que se rastejam pela neve
Cochichando enigmas sem se preocupar em resolvê-los
Amontoando flocos de vidas e vapores desconexos
Despencando miragens que parecem trincar o chão e levar, avalanchando, todos os dias
Que se esvaem como fantasmas
E ficam como fantasmas
Querendo resolver assuntos pendentes

Meu azul é pálido como um esqueleto
E quente e vivo como um grito do sol dentro da água do mar
Ricocheteando nos peixes algas moluscos mamíferos micro e macro vidas que valsam pelo ar líquido, caótica
E graciosamente

Meu azul se engole e se vomita
Morre e nasce periodicamente
Com o estrondo imaginário do Big Bang
Meu azul é água que incendeia
É sorriso que desespera
É um suspiro que berra
Meu azul é preto vermelho branco rosa amarelo verde marrom
Todos de uma só vez
E sem contraste,
Somente nuances leves de uma mesma pincelada...
Em diferentes focos diferentes visões
Meu azul transcende a si mesmo.

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