Alguém lançará uma flecha no meio da noite,
E será vista caída num deserto.
No centro dela estaremos nós.
Nela, recuaremos o instinto de viver
E nossa intimidade
Será acolhida pela terra.
E será insuportável esse tempo de dor
E o extravio de nossa carne para o barro.
Aves bicarão nossos olhos
Engastados numa face sem espírito.
Instantes frágeis e arrebatadores
Como uma música noturna
Nos levará em levitação.
Olharemos um para o outro
E estaremos etéreos
Dentro de um obscuro tempo.
Nos despediremos
Para sermos recordação
De uma vida intensa e breve.
Seremos colocados em uma única urna.
Lacrarão o ataúde com beijos de amantes.
Cântaros de cânfora entrarão em nossos corpos
E bálsamos de flores escorrerão sob nossa pele,
Deixando uma idéia de aroma distante.
Ouviremos um murmúrio de rezas
E nuvens luminosas irão abrir o céu
Nos mostrando o silêncio.
Entraremos de mãos dadas
E juntos beberemos o sumo da eternidade.
Estaremos num caminho de algodão e estrelas,
E quando eu chamar o teu nome,
Lírios se abrirão e teu rosto será divino.
Depois de conhecer o sobrenatural,
Ficaremos ali, no âmago pontiagudo
Daquela escuridão visceral.
Deitaremos juntos numa cama de nuvens ondulantes
E aspiraremos novamente o ar do renascer.
Rachel
20 fevereiro 2011
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