19 janeiro 2011

Muralha

Construí uma muralha
A minha volta,
Completamente talhada
Para guardar silêncios extremos.

Noturno lugar
De aparência antiga,
Lugar de sacrifícios e
De juventude desesperada.

Vivi no interior desta
Cidade de arcos,
Como uma mulher de fervor,
De cândida fala.

Agora vou suspensa pelo vento
E desvio dos espinhos
Que se formaram
Nas trepadeiras aladas.

Queimo minha loucura
Nos incensos de jasmim
E sinto minha vida
Se apartando, pouco a pouco num fim.

Vejo a treva na soleira da porta.
Uma luz tênue sai de minha cabeça e
Estrelas voam ao meu redor.
Ainda tenho a ilusão de felicidade.

Derramo-me sob os degraus da escada.
Diluo-me pelas frestas das pedras.
Vou caindo para fora das muralhas,
Muito antes de viver em mim.




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