Fui retirada de meus aposentos
Quando a lua estava em esplendor de fogo.
Lua imensa, pronta para os rituais sagrados.
Banharam-me com leite
E escreveram rezas sob minha pele.
Solenes poemas de signos encantados
Para transformar as marés.
Queimaram minerais e incensos
Para os deuses adormecidos
E eles acordaram.
Vestiram-me de folhas
E amordaçaram minha boca.
Vi olhos de tenazes, fosforescentes,
Envoltos em trovões.
Uma visão atormentada de braços abertos,
Para receber um corpo incandescente.
Fechei os olhos para ouvir
O canto ondulante e embriagador da cerimônia.
Cada nota saltava contagiosa
Sob o pentagrama dos meus dedos.
Todas as coisas foram se distanciando,
Os clamores, o medo,
Até que me aquietei para receber
A flecha da noite.
19 janeiro 2011
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