05 setembro 2010


Não, não guardo ilusões de abrigo
Só anseio por caminhos e labirintos
Eles me invadem sem pedir licença
Torturadores silenciosos que são
Não esperam meu próximo gemido
E já me condenam à próxima dor

Lastimosa presença soturna
me embriaga de desesperança
Para que minha visão se alterne
Entre cegueira insensata
E luminosidade angustiante
A loucura me acalma

A crueza da vergonha me cerca
Por saber que não me pertenço como deveria
Pois fui predestinada a ser Deus
E sou só ínfima vontade perdida
O meu ventre me condena pela fertilidade
Mas me liberta pela volúpia

Lúgubre sentença de excomunhão
Minha fogueira é sempre maior
Do que a minha devoção ao caos
É como chama que se alastra
E licenciosamente me condeno ao prazer

Torturadores se pasmam
Diante da minha indecente indiferença
A minha carne reage ao chicote
Com o desdém dos que estão mortos
Mesmo assim eles se refastelam
Na esperança do meu gemido


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