05 dezembro 2009

A Contração



Conforme as águas daquele rio passam,
perto as rochas se arrepiam
Rocha mole contrai um nervo
E dilata as veias
Para que se deslize suavemente entre elas
seu contorno inteiro

Mas enquanto o tempo passa,
e ele não carece motivo,
ainda é hoje

E hoje-ontem e amanhã-hoje
As folhas do calendário se esculpem,
pedra sólida e pura,
Nas rochas oculares que capturarão
o mundo e o esculpirão,
pedra maleável e diversa,
Para si

Mas não!
Trago uma caçamba cheia de hojes que,
água murcha e pálida,
Enverniza.
Remove aquelas digitais
amassadas na pedra com paixão
Lixa o suor
deixado na veia da pedra pelo trabalho

E o céu de dia é tão simplesmente azul
O fogo é tão simplesmente vermelho
As comidas tem somente o próprio gosto
Meus pés sentem o chão somente
Minha pele sente a pele somente
Minhas artérias sentem o sangue somente!

Mas basta...
Basta a presença
água flamejante e concreta
Para iniciar em rodízio as engrenagens
Engrenagens a girar, a dobrar, a rir
Incendiando o céu em fagulhas verdes,
um suave aroma de incenso,
êxtase pleno

Nenhum comentário: