23 outubro 2010

A vida exaurida.


Não é brincadeira,
é insana labuta e orquídeas,
é suco de uva e bolinhos
de chuva,
reflexões após o jantar.
Saídas de pronto
à francesa,
nas sextas
legumes na mesa.
Café e adoçante,
jornais e revistas,
fanzines e o banho.
Não é brincadeira arrastar a cadeira
pro canto,
vestir-se de abril,
votar no vazio.
Não é brincadeira viver
um momento perdido,
olhar o relógio e correr
exaurido
e subir as escadas aos pulos.
Não é brincadeira morrer
no minuto seguinte
gritando socorro
pro guarda da esquina.
A vida é um baile de máscaras,
eterno retorno
de víscera exposta.
Qualquer que respire
o colosso
aguarde sem choro
a chibata temida.
A vida é de morte - é um circo - de abate e de corte
rondando as alcovas,
velando por nós.

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