09 outubro 2011

sem título


Hei de partir, de fato
quando cansar de ser performático
No teatro da vida
Mas há quem duvida
Que sou casto
E que meu ser vasto
Não encontrará a saída
Mas me demito
Do meu corpo imaculado
Títere, mártir, mito?
Quero ser platéia
Quero ser palco armado
Expor a ferida
Ser a besta parida
Do ventre farto da miséria
Manchado de sangue cálido
Inválido, esquálido
ou apenas idéia
perdida...
Quero ser o choro verdadeiro
No momento derradeiro
Da peça em cartaz
Da vida que jaz
Pelas mãos do titereiro
No movimento certeiro
A mover para frente e para trás
Meu rosto moldado
E a boca calada
Num gesto calculado
Desfaço a corda atada
Bailo no ar
Brejeiro...
As mentes castradas
E os olhos vidrados
Não me dizem nada
Do último ao primeiro
Não me engano mais
São todos iguais
Quero agora o mundo inteiro


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