05 junho 2010

Sepulcro


Sobre meu corpo macilento,

sobre os escombros de meus ossos
desolados,
sobre meus sonhos amargos,
meus pulmões,
sobre as vísceras,
joguem terra!

Sobre o orgulho acalentado,
sobre meu ego,
meu intestino delgado,
sobre a íris e a hipófise,
minhas rimas,
meus versos e reversos,
joguem terra!

Sobre o riso que não dei,
sobre a fome,
mãe do esquálido.
Sobre o amor natimorto,
sobre o morto,
joguem terra!

Sobre as moedas
que acumulei,
sobre os cofres e os segredos,
sobre células e glândulas,
sobre as têmporas,
joguem terra,
joguem terra!
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