29 abril 2009

Travessia



Calaboca não fale mais nada,
eu preciso sumir ou torcer
pra não cair demais e correr
pela rua até sangrar o peito
todo
porque eu te amo,
sem necessidade.
Não tenho vontade, não tenho saudade.
Nada do que você disser vai me convencer
de que nada do que você disser
durante ou depois ou nada mais
vai me levar a crer que te amo.
São palavras complicadas e não sou eu
complicando palavras que não dizem nada.
É o absurdo,
o contratempo de existir entre o entulho,
fagulhas e fragmentos.
O ledo engano que vem,
pragmático,
o trauma, o sono.
Calaboca desta vez não fale mais nada portanto.
Me arranque daqui, do teu jeito.
Pode ser.
Solte este nó que me prende ao leito.
Quero água. Água da fonte,
atravessar a ponte
como qualquer sujeito.


Adonis K.

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