
Que será
do homem
que não
sustenta
a sua
fome
com pão,
leite, feijão e ar?
Nada é
menos livre
do que a
fome
que mata
o homem
e nada é
mais livre
do que a
palavra
que a
revela
sob o sal
das horas
Que será
sob a cidade
do homem
onde não
há lugar
sequer às
letras noturnas do luar
aos
peixes claros da alma
Que será
do menino
que vive
nele
a idade é
mineral
emocional
e o tempo
esse
cadáver embarcado
nos enche
de mau
cheiro e
de morte
a nos
salvar
a música
da esperança
o eterno
pássaro
de nossa
herança
Que
cidade é esta
que nos
cerca de luzes
mas apaga
o feltro
de nossa
infância
a febre
de nossa voz
e
deixa-nos ancorados
às
esquinas
fotografia
de fumaça e neblina
Que homem
é este
que não
se sustenta
que a
fome o come
a partir
do nome operário